10 de dezembro de 2008

Atitudes na oração

"Através de todas as eras em todas as religiões os fiéis aproximam-se de Deus com reverencia e veneração. Quando observamos adoradores em religiões não-cristãs na África. Ásia ou Oriente Próximo, sempre os encontramos encurvados, ajoelhados ou mesmo tocando o chão com a fronte e com as mios postas. Por que deveria ser de outra forma com os filhos de Deus? (1)

Onde nos dirigimos a Deus em oração, é nosso dever e privilégio fazê-lo reverentemente. Devemos humilde e solenemente inclinar-nos diante dEle em atitude de absoluta dependência.

As sagradas Escrituras indicam qual deve ser nossa postura ao orar a Deus, como indicado pelas seguintes passagens da Bíblia:

"Ele, por sua vez, se afastou, cerca de um tiro de pedra, e, de joelhos, orava". Lc . 22: 41.

"Tendo dito estas coisas, ajoelhando-se, orou com todos eles". At. 20: 36.

"Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou" . Sl. 95: 6.

Ademais, há outros textos bíblicos correlatos que a irmã White indica em passagens deste mesmo capítulo. Como povo de Deus, temos sido beneficiados pelos dons do Espírito. Refiro-me especialmente ao Espírito de Profecia. A Sra. White nos oferece uma orientação valiosa no que diz respeito i forma correta em que devemos nos aproximar de Deus no culto público.

Durante o Serviço de Adoração

"Quando o ministro entra, deve fazê-lo com o semblante solene e digno. Deve curvar-se em oração silenciosa assim que sobe ao palpito, e ferventemente buscar o auxílio de Deus. Que impressão fará isto! Haverá solenidade e temor sobre o povo. Seu ministro está comungando com Deus; está-se entregando a Deus antes de ousar colocar-se perante o povo. Solenidade repousa sobre todos e anjos de Deus são trazidos bem próximo". (2)

Enquanto o ministro está ocupado em oração silenciosa fazendo súplicas a Deus por Sua divina presença eu ajuda, o povo deve também unir-se ao ministro em oração silenciosa.

"Cada um da congregação, também, que teme a Deus, deve com a cabeça baixa unir-se em oração silenciosa com ele para que Deus possa agraciar a reunião com Sua presença e dar poder a Sua verdade proclamada por lábios humanos." (3)

Ao começar o culto de adoração, a oração inicial deve ser feita de joelhos. Não devemos ser descuidados nisto.

"Quando a reunião ~ iniciada pela oração todo joelho deve se dobrar na presença dAquele que é santo, e todo coração deve elevar-se a Deus em devoção silenciosa". (4)

Ajoelhemo-nos

A irmã White recebia cartas interrogando-a com respeito atitude correta a ser tomada por uma pessoa que oferece uma oração ao soberano do Universo. Ela perguntava. "Onde nossos irmãos obtiveram a idéia de que devem ficar de pé enquanto estão orando a Deus? Um que tinha sido educado por cerca de cinco anos em Battle Creek foi solicitado a dirigir a oração antes da irmã White falar ao povo. Mas quando o contemplei ereto, de pé, enquanto seus lábios estavam para se abrir em oração a Deus, minha alma agitou-se dentro em mim para reprova-lo abertamente. Chamando-o pelo nome eu disse: 'Abaixe-se sobre seus joelhos: Esta E a posição própria sempre". (5)

Como continuação, com o intuito de reforçar sua declaração prévia, a irmã White cita a Bíblia: "Mas Pedro, tendo feito sair a todos, pondo-se de joelhos, orou; e voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. Ela abriu os olhos e, vendo a Pedro, sentou-se". At. 9:40.

"E apedrejavam a Estevão que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Com estas palavras adormeceu". At. 7: 59, 60.

Além disso, ela cita os seguintes textos bíblicos At. 20: 36; At. 21: 5; Ed. 9: 5. 6; SI. 95:6; e Ef. 3: 14.

"Inclinar-se quando em oração a Deus é a posição correta a tomar. Este ato de adoração foi requerido dos três cativos hebreus em Babilônia. . . Mas tal ato era uma homenagem a ser prestada unicamente a Deus, - o soberano do mundo, o Governador do universo; e estes três hebreus recusaram-se a dar tal honra a qualquer ídolo, mesmo que feito de ouro puro." (6)

"E quando vos congregais para adorar a Deus, certificai-vos de dobrar os joelhos perante Ele. Que este ato testifique que toda a alma, corpo e espírito estão sujeitos ao Espírito de Verdade". (7)

"Tanto no culto público quanto no particular E nosso privilégio pôr-nos de joelhos diante do Senhor quando oferecemo-lhe nossas petições. Jesus, nosso exemplo. 'de joelhos, orava" (Lc. 22: 41). De seus discípulos E registrado que eles também se ajoelhavam e oravam. 'Por esta causa me ponho de joelhos diante do Pai". (Ef. 3: 14). Ao confessar diante de Deus os pecados de Israel, Esdras se ajoelhou. Daniel 'três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante de seu Deus". (8)

Devemos orar de maneira distinta e reverente porque esta­mos falando com o Santo, o Criador do Universo e o Todo-Poderoso.

Embora geralmente os ministros, oficiais e membros da igreja ao redor do mundo atendem a este conselho, não obstante e ato único de dobrar os joelhos diante de Deus não indica necessariamente que estamos sendo reverentes. Ocorre algumas vezes que assumimos uma atitude imprópria ao orar por deixar os olhos abertos, inclinar-nos sobre os bancos e fazer movi­mentos e gesticulações com as mãos e o corpo. Muitas vezes dobramos os joelhos na igreja mas o coração nega-se a inclinar-se diante de Deus em reconhecimento de nossa absoluta dependência dEle.

"Alguns pensam que é um sinal de humildade orar a Deus de maneira comum, como se estivessem falando com um ser humano. Eles profanam Seu nome ao misturar com suas orações, desnecessária e irreverentemente. as palavras 'Deus Todo-Poderoso' - palavras terríveis e sagradas, que nunca devem passar pelos lábios humanos, exceto em tons submissos e com um sentimento de temor". (9)

"A verdadeira reverência por Deus e inspirada por um senso de Sua infinita grandeza e uma conscientização de Sua presença. Com o senso do Invisível, todo coração deve ser profundamente impressionado. O lugar e hora da oração são sa­grados, porque Deus está 1á; e como a reverência é manifesta em atitude e comportamento, o sentimento que a inspira será aprofundado". (10)

As Orações Públicas Devem Ser Curtas

Embora saiba-se, geralmente que as oraç3es publicas devem ser breves e objetivas, vale a pena, não obstante, ouvir o Espírito de Profecia sobre este ponto.

"Cristo imprimiu sobre seus discípulos a idéia de que suas orações deviam ser curtas, expressando justamente o que eles queriam, e nada mais... Um ou dois minutos é tempo suficiente para qualquer oração normal". (11)

"Quando orais , sede breves, ide direto ao ponto. Não pregueis ao Senhor um sermão em vossas longas orações". (12)

Os Olhos Devem Estar Fechados

"Parece que a idéia de os crentes orarem com os olhos abertos. como se olhassem ao céu, é uma das mentiras baratas de Satanás.... O Senhor não Se agrada quando Seu povo, que tem recebido tão grandes e nobres verdades de Sua palavra, permitem que suas mentes se demorem em fábulas fracas e tolas". (13)

Usar Linguagem Simples

"Linguagem bombástica é inapropriada para a oração, quer a petição seja oferecida no púlpito, no circulo familiar ou em secreto. Especialmente deve aquele que faz uma oração pública usar linguagem simples, para que outros possam entender o que é dito e unir-se à petição". (14)

Achegar-se a Deus em oração de joelhos e com solenidade não nos fará mais santos nem mais dignos diante de Deus, mas nos ajuda a reconhecer nossa condição caída sob o pecado, nossa insuficiência e nossa absoluta dependência dEle.

II. DEVEM OS ADORADORES AJOELHAR-SE EM TODAS AS ORAÇÕES PÚBLICAS?

Todos concordamos que a melhor maneira na qual devemos nos apresentar a Deus é ajoelhando-nos diante dEle. Além disso, tal ocasião requer uma atitude total de solene reverência.

Não obstante, algumas das declarações concernentes a "atitude em oração" feitas por Ellen White têm sido interpretadas por alguns crentes sinceros como indicações de que todas as orações devem ser feitas de joelhos sem exceção. Isto quer dizer que as orações que geralmente fazemos de pé durante o culto de adoração, tais como a invocação e a bênção final devem também ser feitas de joelhos para serem eficazes.

É interessante estudar o contexto de tais declarações, que algumas vezes parecem enérgicas, para descobrir a razão da vigorosa admoestação. Por exemplo, no cap. um desta obra, citamos o caso de um que tinha estudado por cinco anos em Battle Creek e em uma reunião pública estava apresentando a oração inicial de pé. A irmã White chamou-o pelo nome e disse-lhe: "Recline-se sobre seus joelhos. Esta é sempre a posição correta". (Veja II ME, 34).

Comentando sobre este caso, a irmã White amplia sua censura, fazendo-a mais geral, desde que já havia penetrado em nossas igrejas e escolas um espírito de negligência em orações públicas a nosso Deus.

Contexto das Declarações de E.G. White

"Apresento como prova estes textos, com a pergunta, 'Onde o irmão H obteve sua educação?'- Em Battle Creek. Será possível com toda a luz que Deus tem dado a Seu povo sobre o assunto de reverência, que ministros, diretores e professores em nossas escolas, por preceito e exemplo, ensinem aos jo­vens a ficar de pé na devoção como faziam os fariseus? Olharemos para isto como expressivo de sua auto-suficiência e auto-importância? Devem esses traços torna-se em eméritos?" (15)

"Esperamos que nossos irmãos não manifestarão menos reverência e temor enquanto se aproximam do único Deus vivo e verdadeiro, do que os pagãos manifestam por suas divindades idolátricas. ou estas pessoas serão nossos juizes no dia da decisão final. Quero falar a todos os que ocupam o lugar de professores em nossas escolas, homens e mulheres, não façais desonra a Deus por vossa irreverência e pompa. Não vos ponhais de pé em vosso farisaísmo e ofereçais vossas orações a Deus. Desconfiai de vossa própria força. Não dependais dela, mas frequentemente colocai-vos sobre vossos joelhos diante de Deus, e adorai-O". (16)

Está claro que nestas declarações - a irmã White não está discutindo o assunto de se é necessário fazer todas as orações públicas de joelhos, já que em algumas escolas e particularmente Battle Creek, um espírito descuidado e irreverente tinha se infiltrado entre os professores bem como entre os ministros, e assim eles estavam ensinando aos alunos por preceito e exemplo.

A função do Espírito de Profecia é edificar e guiar a igreja e aqui vemos um exemplo desta função.

Embora tenhamos enfatizado no capítulo anterior, repetimos aqui que devemos ser muito mais reverentes diante do Senhor em todos os tempos, não apenas no culto público; contudo, necessário que não confundamos os meios com o fim. Isto quer dizer, a oração é o meio através do qual comunicamo-nos com Deus; não é um fim em si mesma. Ninguém deve estabelecer a regra de que todas as orações devem ser feitas de joelhos por­que podemos facilmente cair no erro do formalismo, honrando mais a postura do que Deus.


Creio que o aspecto mais Importante desta questão é o exemplo na vida da irmã White.

Atitude Pessoal de Ellen G. White

"Na Conferência Geral de 1909, Ellen White falou um dia, e enquanto finalizava seu discurso, disse isto: Que o Senhor vos ajude a lançar mão desta obra como nunca o fizestes antes. Fareis isto? Erguer-vo-eis aqui e testificareis que fareis de Deus vosso auxilio e esperança? (A congregação se pôs de pé e ela orou)". (17)

"Esta experiência não é um caso isolado. Ellen White fa­lou na igreja em Oakland, Califórnia em 7 de março de 1908. Ao finalizar seu sermão, ela convidou a congregação a responder a seu apelo levantando-se. Então ela orou. Damos o registro do apelo e o inicio da oração, como se acha em nossas fichas"

"Agora solicitamo-nos que busqueis o Senhor de todo o coração. Que aqueles que estão determinados a desvencilhar­-se de toda tentação do inimigo e buscar o céu, demonstrem tal determinação colocando-se de pé". (Quase toda a congregação respondeu). (18)

Na Igreja de Oakland no ano seguinte, 8 de fevereiro de 1909, ela falou sobre a necessidade do Espírito Santo em nossas vidas. Ela finalizou o discurso com um apelo. Novamente citamos do registro do manuscrito:

"A menos que façais determinados esforços por vós mesmos o Espírito Santo não virá sobre sôs. . . Quem agora, pergunto, fará um esforço determinado para obter a educação mais elevada? Aqueles que quiserem, manifestem-no colocando-se de pé, (A congregação se levantou). Aqui está toda a congregação. Que Deus possa ajudar-vos a manter vossa promessa. Oremos". (19)

Em 1934, o pastor D.E. Robinson respondendo a uma pergunta similar àquela que está sendo considerada neste capítulo, fez a seguinte declaração:

"Tenho estado presente repetidas vezes em reuniões campais e sessões da Conferência Geral nas quais a própria irmã White tem feito orações com a congregação de pé, e ela própria de pé". (20)

E o pastor Robinson acrescentou na mesma carta:

"O pensamento de que na benção final o pastor e a congregação devem ajoelhar-se não é em parte alguma declarado nos Testemunhos ou na Bíblia". (Veja II Cr. 6: 3; I Rs. 8: l4, 22; Lv. 9: 22)." (21)

Declarações de W. C. White

"Tenho estado associado com a irmã White por muitos anos em seus labores e nunca soube que ela aconselhasse as pessoas a ajoelhar-se durante a benção final. Estive com ela muitas vezes quando a bênção final foi dada da maneira usual e ela parecia aprová-lo inteiramente". (22)

"É verdade que tem havido ocasiões em que reuniões muito solenes eram terminadas por oração na qual a congregação se ajoelhava, mais isto era muito excepcional e muito incomum." (23)

Ajoelhar-se em oração é ao máximo recomendado pela Bíblia e o Espírito de Profecia. Não obstante, não encontramos qual­quer declaração quer na Bíblia ou nos escritos da irmã White que indique ser esta a única forma na qual podemos nos aproximar de Deus no culto público. A irmã White foi testemunha de orações feitas de pé, tais como a invocação e a bênção final e não pronunciou qualquer objeção. Mesmo ela própria fez estas orações de pé em várias ocasiões.

"Nem sempre é necessário colocar-vos sobre vossos joelhos a fim de orar. Cultivai o hábito de falar com o Salvador enquanto andais e quando estais ocupados com a lida diária". (24)

CONCLUSÃO

Nesta pequena monografia, a inegável necessidade ser reverentes e solenes quando dirigimos nossas orações a Deus durante o culto público é expressa. No capítulo 1, demonstrou-se qual é a postura correta para oração... quer dizer que devemos manter o costume de ajoelhar-nos em sinceridade sem formalismo para a oração no culto público, e com um espírito de súplica e completa dependência de Deus.

Não obstante, ficou claro no capitulo dois que nem todas orações que fazemos em publico devem necessariamente ser feitas de joelhos. Ademais, mostrou-se que devemos nos guardar de fazer disto um fim em si mesmo, nem ocasionar desunião na igreja por um espírito intransigente.

A Sra. White estava certa e fez bem ao enfatizar a oração de joelhos. Está é a melhor postura para nos dirigirmos a Deus. Mas esta ênfase não é uma indicação de que todas as orações devem ser feitas de joelhos. A irmã White teve ocasiões de consagração nas quais ficou de pé com a congregação. Ela fez a oração final em diferentes ocasiões e permaneceu de pé para estas orações. O problema é que ela notou um "crescente relaxamento" nesta área de culto e achou necessário censurar os culpados. Este conselho dado meio século atrás ainda aplica-se a nossos dias.

Graças a Deus porque o Espírito de Profecia tem sido uma bênção constante para a edificação da igreja. Quão gratos devemos ser de que ele tem-nos orientado para uma profunda reverência e. ao mesmo tempo, nos protegido de um fanatismo destrutivo.

Referências:

1. Pastor Stuttgart-Sillenbuch, "Posture While Praying", The Ministry, (abril 1966), pp. 35-36.

2. Ellen G. White, Testimony Treasures (3 vols.; Califórnia: Pacific Press Publishing Association, 1949), II p. 195.

3. Idem

4. Idem

5. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. II, p. 311.

6. Idem, p. 132.

7. Idem, p. 314.

8. Ellen G. White, Gospel Workers (Washington, D.C.: Review and Herald Publishing Assn., 1948), p. 178.

9. Idem, p. 177.

10. Idem, p. 178.

11. Ellen G. White, Testimonies for the Church (9 vols.; Califórnia: Pacific Publishing Assn., 1948), II, p. 518.

12. Idem, V, p. 201

13. Ellen G. White, Manuscript Release nº 167, February 21, 1901 (Califórnia), p. 3.

14. Ellen G. White, Gospel Workers, p. 177.

15. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, II, p. 313.

16. Idem, p. 314

17. Ellen G. White Publications Office Document, A. L. White, Standing for Prayer (Washington, D.C.) February 17, 1960, p. 1.

18. Idem

19. Idem, p. 1, 2.

20. Carta, D. E. Robinson para Willian H. Daylish, 4 de março de 1934, Andrews University Theological Seminary, Ellen G. White State, Harper Letter File.

21. Idem

22. Carta, W. C. White para S. T. Borg, 2 de março de 1934, Andrews University Theological Seminary, Ellen G. White State, Harper Letter File.

23. Idem.

24. Ellen G. White; The Ministry of Healing (Califórnia: Pacific Press Publishing Association, 1942), p. 510-511.

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