Dênis K. Fehlauer
Há quem diga que o decálogo é coisa para os Judeus. Outros afirmam que Adão conheceu a Lei de Deus na Sexta-feira em que "nasceu". Pelo menos com relação ao quarto mandamento, é fácil notar que isso é verdade. Afinal, embora não se saiba de quantas horas era a jornada semanal de Adão, está claro que ele deveria cuidar do belo jardim apenas durante seis dias. Mas onde estariam os outros nove mandamentos? Adão teria uma clara noção dos preceitos divinos, como temos hoje, mesmo antes do pecado? E quanto a seus filhos, netos, bisnetos, tataranetos? O que dizer das gerações que se seguiram até que Moisés descesse com as tábuas de pedra do monte Sinai? Imagine-se voltando no tempo. Em qualquer período depois de Adão e antes de Moisés. Tente responder a pergunta: onde está a lei? O livro de Romanos responde. Veremos que a lei de Deus antecede sua organização na forma de estatutos, em tábuas de pedra.
Romanos 5: 12 a 14
Nesses versos Paulo apresenta o salvador Jesus, fazendo uma comparação entre Ele e Adão. Os benefícios que recebemos de Cristo estão em contraste com a maldição que herdamos do pai da raça humana. Se Paulo fosse matemático, talvez escrevesse: Pecado e morte estão para Adão assim como perdão e vida eterna estão para Cristo. Pelo pecado de Adão a morte passa a fazer parte da experiência de todo ser humano. Todos pecaram. A morte é conseqüência direta do pecado. Mas o pecado só existe quando há uma lei que o denuncie. O pecador fica sabendo que é pecador quando a lei diz isso a ele (Romanos 3:20; 7: 7 a 9). Resta então uma pergunta: Se a lei foi dada por Moisés no monte, séculos depois de Adão haver degustado o fruto proibido, o que teria condenado à morte os pecadores que viveram no período entre o Éden e o Sinai? Pois bem, Paulo diz que, desde Adão até o "regime da lei", ou até Moisés descer do monte fumegante com as tábuas de pedra, já havia pecado no mundo (verso 13 – primeira parte). E o pecado só existe quando há lei (verso 13 – Segunda parte). Conclusão imediata: essa lei sempre existiu. É a única razão aparente para a morte "passar" a toda a raça humana. Mesmo os que não comeram do fruto à semelhança de Adão (verso 14), pagam o preço do pecado por ferir a lei que refletia o caráter do Todo-Poderoso.
A Tradição Oral
A arqueologia tem provado que a invenção da escrita antecede o ano 1500 AC.1 Considerando a importância da escrita, hoje é praticamente impossível imaginar um mundo sem papéis, canetas e computadores. A mente humana se acostumou a registrar fatos e comunicar idéias, com o auxílio das letras. Mas "...este não era o absolutamente o caso em Israel nem nas outras nações orientais. As idéias eram transmitidas de maneira mais duradoura e permanente, na sua maior parte através da palavra falada.... Mesmo depois do texto sagrado Ter sido registrado por escrito, o hábito da transmissão oral dos pensamentos não foi abandonado."2
Notemos que, mesmo entre as nações que já dispunham de métodos de escrita, a "tradição oral" ainda era moda. Imagine nos dias de Adão. A palavra falada era a única maneira de se transmitir a lei que ele aprendera de seu pai (Deus). "Adão ensinou a seus descendentes a lei de Deus, que foi transmitida aos fiéis através de sucessivas gerações. A contínua transgressão da lei de Deus atraiu um dilúvio de águas sobre a Terra. A lei foi preservada por Noé e sua família, que, por procederem corretamente foram salvos na arca por um milagre de Deus. Noé ensinou a seus descendentes os Dez Mandamentos. O Senhor, desde Adão, preservou para Si um povo, em cujo coração estava Sua lei3.
"Se o homem houvesse guardado a lei de Deus conforme fora dada a Adão depois de sua queda, preservada por Noé e observada por Abraão; não teria havido necessidade de se ordenar a circuncisão. E, se os descendentes de Abraão houvessem guardado o concerto, do qual a circuncisão era um sinal, nunca teriam sido induzidos à idolatria; tampouco lhes teria sido necessário sofrer vida de cativeiro no Egito; teriam conservado na mente a lei de Deus, e não teria havido necessidade de que ela fosse proclamada no Sinai, nem gravada em tábuas de pedra. E, se o povo houvesse praticado os princípios dos Dez Mandamentos, não teria havido necessidade das instruções adicionais dadas a Moisés.4
Conclusão
Olhe para o passado e responda: No período de tempo entre Adão e Moisés, onde estava a lei? No mesmo lugar onde deveria estar hoje. Na mente e no coração das pessoas fiéis ao Criador.
Referências
1. Pedro Apolinário, História do Texto Bíblico, pág. 77.
2. Henri Daniel-Rops, A Vida Diária nos Tempos de Jesus, pág. 176.
3. Ellen G. White, História da Redenção, pág. 146.
4. Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pág. 364.
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