Ozeas C. Moura
“A doutrina da "Segunda oportunidade" é mais uma das sutis artimanhas do inimigo”
“Segunda Oportunidade” seria uma segunda chance de salvação após a morte ou após a volta de Cristo. Esta crença tem seus defensores em vários segmentos religiosos, variando o período em que ocorrerá tal oportunidade.
As Testemunhas de Jeová crêem que ela ocorrerá num período de mil anos, a começar com uma ressurreição geral de “todos os que foram dignos de ressuscitar para o juízo”. (1) Esse juízo não seria para condenação, mas uma nova oportunidade de se aceitar a salvação. (2)
Os defensores do Arrebatamento Secreto ensinam que após esse evento, haverá um período de sete anos no qual os que não foram arrebatados terão nova oportunidade de aceitar a Cristo. Outros ainda pregam que após Cristo estabelecer Seu trono na velha Jerusalém, “todas as nações da Terra se converterão, pois estarão fora do alcance de Satanás”. (3)
O Catolicismo crê no purgatório. Um lugar, segundo eles, “de purificação das almas dos justos antes de admitidos na bem-aventurança”. (4) Nesse lugar, os bons, que por algum motivo não foram logo ao Paraíso após a morte, terão sua segunda oportunidade de salvação.
Há também a doutrina espírita da reencarnação, doutrina que advoga sucessivas mortes e reencarnações, sendo cada uma delas oportunidade para se corrigir o que não foi corrigido nas outras vidas ou oportunidades anteriores.
As Escrituras Sagradas são claras sobre quando é o tempo da oportunidade. “. . .hoje se ouvirdes a Sua voz, não endureçais os vossos corações...” (Heb. 3:7 e 8). “. . .Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação: eis agora o tempo sobre-modo oportuno, eis agora o dia da salvação” (II Cor. 6:2). (Grifos acrescentados.) O “tempo da oportunidade” é identificado com “hoje’’ e ‘‘agora, e não numa segunda chance após a morte, volta de Jesus, arrebatamento secreto, purgatório ou reencarnação. Com a morte encerra-se o tempo de oportunidade para o incrédulo, pois “aos homens está ordenado morrerem uma só vez, e depois disto o juízo [krísis]” (Heb. 9:27). O termo grego krísis traz em si as idéias de condenação, juízo, sentença, acusação, justiça (5); e não de um tempo de prova (doquimê) para se conceder uma outra oportunidade para a salvação. Paulo, com esse texto (Heb. 9:27), fere de morte a doutrina da reencarnação, pois antes do juízo os homens deverão morrer apenas uma vez (6), e faz o mesmo com a doutrina do purgatório, pois após a morte, a próxima coisa a ocorrer é o juízo, “vindo depois disto [da morte] o juízo” (Heb. 9:27), e não um estágio para purgar algum pecado entre a morte e a entrada na bem-aventurança.
A parábola do rico e Lázaro:
Em Lucas 16:19-31, aparece uma das muitas parábolas contadas por Jesus. Sabemos que é uma parábola, entre outras razões, pela maneira como começa: “Havia certo homem rico. que...” (verso 19). Essa é uma maneira típica de se iniciar uma parábola. Por exemplo, “Qual dentre vós, é o homem que...” — parábola da ovelha perdida (Lucas 15:4); “Ou qual é a mulher que...” — parábola da dracma perdida (Lucas 15:8); “Certo homem...” — parábola do Filho pródigo (Lucas 15:11); “Havia um homem rico que...” — parábola do administrador infiel (Lucas 16:1), etc.
Por que Jesus contou essa parábola? Ela “não é um comentário a respeito da vida social contemporânea, nem pretende ela transmitir ensino no que tange à vida além-túmulo. Na realidade, ela não é uma parábola sobre o rico e Lázaro, mas a respeito dos cinco irmãos do rico”. (7) (Grifos acrescentados.) Se eles não ouvissem Moisés e os profetas (a Bíblia de então), estariam perdidos. Após a morte haveria “um grande abismo” (Lucas 16:26) entre eles e os salvos. Quem estivesse de um lado, não poderia passar para o outro (16:26).
Dentre as muitas lições contidas nessa parábola, destacam-se duas: 1) Deus tem revelado o plano da salvação em “Moisés e os profetas” (Bíblia); 2) o tempo da oportunidade é antes da morte, pois depois desta estará posto o “grande abismo” que separa para sempre o perdido do salvo.
A doutrina da “Segunda Oportunidade” é mais uma das sutis artimanhas do inimigo de Deus, o qual deseja levar a humanidade a acreditar que não é necessário levar muito a sério as coisas eternas agora, pois haveria uma nova chance no futuro. Deus nos ajude a aproveitar o “tempo da oportunidade” que é hoje, e “o dia da salvação” que é agora. E se hoje ouvirmos a Sua voz, não endureçamos os nossos corações (Heb. 3:15).
Referências:
1. Pedro Apolinário, As Testemunhas de Jeová e sua Interpretação da Bíblia, 4’ ed., São Paulo. IAE, 1986, pág. 246.
2. Loc. Cit.
3. Idem, pág. 248.
4. Francisco da Silveira Bueno, Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. 1º ed., Rio de Janeiro, PENAME, 976, pág. 925.
5. WiIliam Carcy Taylor, Dicionário do Novo Testamento Grego. 5’ cd., Rio de Janeiro, JUERP, 1978, pág. 123.
6. Francis D. Nichol, editor, Comentário de Hebreus, São Paulo, IAE, 1985. p5g. 172.
7. George Eldon Ladd. Teologia do Novo Testamento, 1º ed., Rio de Janeiro, JUERP, 1985, pág. 182.
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